segunda-feira, 31 de maio de 2010

Venho no fim

"Na lista dos teus fins,
venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja,
embora saiba
mexer palavras,
e doer de frente,
e tenha esse talento desconhecido
de acordar de manhã,
dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer,
talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-te como um manto."
António Franco Alexandre

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