quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Passados!



O passado é intocável, não devemos apagá-lo da nossa memória, por mais que ele nos tenha feito cair, esmurrar, tropeçar.... aprender e crescer no final!

O passado é o nosso passado, faz parte de nós.

É o fim de algo, ponto.

Existiu, e deve estar no seu lugar próprio: na lembrança.

Quando se tenta esquecer algo ou alguém que fez parte da nossa vida, nesse tempo do passado, existem dois processos de continuar a nossa vida.

Leva tempo!

Requer paciência!

E sobretudo paz.

Por vezes, todos nós, por diversas razões, não conseguimos no imediato ter a capacidade e o discernimento para encontrar nem um, quanto mais estes três pilares da sanidade mental!

Embora o nosso passado esteja solucionado, demora tempo a que o nosso cérebro perceba, que já somos livres.

Como disse é um processo demorado, e cada um têm o seu tempo próprio (como disse o Sr. fresco) de mentalização e de reconstrução!

Para mim é como um funeral (salvo expressão) : primeiro apanhamos o choque, o medo de não saber viver sem (nem com).

Depois vêm a revolta e a pergunta crucial: porquê a nós (por que não a nós?!).

A seguir vêm a tristeza.... e aí choramos, choramos, choramos.... como se não houvesse day after!

É nesta fase que sofremos, é aqui que tomamos consciência da dor física e mental! Porque chega a doer na pele a tentativa de libertação.

Não é no choque, nem na revolta que há dor.... é a na tristeza!

E enquanto não fazemos o luto, a memória não esquece. A tristeza atenua, mas não passa, as lágrimas abrandam mas não secam, as feridas cicatrizam mas deixam marca (até ao próximo verão, em que o sol se enche de força e nos queima a pele).

É nesta fase, de pré-luto, que temos a certeza que passou, mas fica a dúvida d que teria acontecido se não passasse!

Aqui o coração não pára de nos entupir, de nos abalrruar, de nos atraiçoar.....

É como se tivéssemos com fome e não pudéssemos comer.

É como se tivéssemos as chaves para abrir a porta e dizer: I'm free, e não ter mãos.


É a falta de ar pura e dura!

Depois disto tudo, o luto faz-se.

A tristeza dá lugar à realidade.

Já não culpamos a vida e o mundo (que conspirava contra nós)..... e voltamos à tona..... cansados, doridos, mas salvos!

Aí, olhamos para o passado e pensamos que a vida não teria sido a mesma, que nós não seriamos os mesmos, se esse passado fosse esquecido.

Porque se ele nos fez cair, foi porque em alguma parte da história nos deu asas..... e é isso que temos de saber perceber.

Ter receio, medo do passado? Querer apagar os seus vestígios e as suas marcas? É puro engano!

O medo é a única prisão, a fuga o pior caminho. A única verdadeira liberdade consiste em viver livre do medo, e a nossa melhor estrada é aquela que conhece os passos que já deu e avança sem medo para os que vai descobrindo.





"E aquilo o que foi? - Um sonho. Um sonho mecânico. Deixei-o aí para me lembrar que também aos sonhos os devora a ferrugem. A ferrugem nunca dorme." - Por José Eduardo Agualusa


Até sempre..... e não até nunca!

3 comentários:

  1. Olá!
    Mas o passado pode deixar males na alma irremediáveis:=(((

    Beijocas

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  2. Se souberes ultrapassar.... serão apenas memórias do passado.....

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  3. Cara Silvia,

    Prometido é devido, e como tal cá estou a escrever o meu comentário


    O passado é aquilo que nós somos e quisemos ser, ou nos deixaram ser.
    O passado para sempre ficará nas nossas memórias, para sempre ficará lá no seu canto, por vezes com aquele coisa de queremos que fique lá quieto, mas lembra-se sempre de se mostrar, parece que gosta de ser mais importante que o resto….
    Enfim, mas na verdade é com ele que temos que viver, por vezes sobreviver, e por vezes saborear. Sim nem tudo é negativo, também há coisas boas.
    Por mais que as más por vezes venham mais ao de cima do que as restantes. Vai se lá saber porquê. Talvez Foid consiga explicar….

    O que está lá, lá está, mas o que fala é de uma coisa diferente, é o conseguirmos nos libertar de determinados sentimentos, é que conseguirmos nos sentir livres para olhar à nossa voltar e voltar a sentir… voltar a ver o mundo por outros olhos, por outro prisma.
    Tal como dizia antes, cada pessoa leva o seu tempo, cada pessoa tem o seu luto, tal como cado um sente a perda, a traição, a paixão, o amor, de uma forma muito própria.
    Há por vezes a o facilitismo de julgar os outros, por nós próprios sem nunca termos passado pelo mesmo, ou de julgar os outros por aquilo que achamos que faríamos, ou que sério o mais correcto. Mas na verdade cada pessoa sente à sua maneira, sonha à sua maneira, sente à sua maneira, por isso também o resto terá sempre um processo pessoal, e com o ritmo de cada um, e só essa pessoa saberá quando se sente livre. Se sente um pássaro a voar pelos campos verdes….

    O coração é talvez aquele órgão que mais nos aflige…. Porque é capaz de nos dar das melhores sensações da vida, como das piores…. Enfim que órgão tão complexo e tão simples.

    Mas cara Silvia, para terminar, tem razão, ter medo do futuro pode ser uma prisão, há que procurar a chave, o caminho, o túnel para se fugir dele.
    Bora lá!!!

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