
Ela adormeceu após tanto cansaço.... doía-lhe a alma de tanto guardar lembranças.
Caiu exausta, sem reacção, sem coragem, já sem lágrimas.
As memórias podem ser armas poderosas de auto destruição.... ela sentiu-se atordoada quando começou a arrumar a sua alma.
Acordou passado horas em sobressalto, ofegante de um sonho que não se lembrava mas que lhe pesava no coração.
Suava como se estivesse estado a correr horas infindáveis.
Pressentia que o sonho lhe quereria dizer algo, mas o quê?
Que há memórias que não se arrumam onde as queremos arrumar? Que têm demasiada personalidade para se deixar influenciar?
Mais uma vez precisou de sair de casa e apanhar ar.
Vestiu a primeira coisa que encontrou espalhada pelo chão.... e saiu, ainda um pouco embriagada pelo sonho.
Sentou-se no degrau de um prédio, numa rua iluminada. Sentiu o vento bater-lhe na face e jurou sentir o seu perfume.
Lutou contra esse aroma, não queria mais senti-lo .... queria descansar, repousar o espírito de tudo o que viveu e não foi sequer vivido, de tudo o que amou e não foi sequer abraçado como devia.
Ficou ali por breves horas.... esvaziando de si tudo o que tinha que não pertencia ao seu corpo.... a si.
O tempo começava a arrefecer e ela acabou de baixar guardar e voltar para casa, afinal era do lado de dentro da janela que ela melhor via, e que revia todas as vezes que a porta se fechava em frente a ela
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